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Dólar volta a ganhar força no mês
No Brasil, a variação da moeda americana nesse mesmo período foi da mesma magnitude, próxima a 4,2%.
Economia americana mais fortalecida de um lado. De outro, desconfiança generalizada na Europa, com temores de contágio para diversos países e custo de emissão de dívida em alta em toda a região. Esse cenário, que não chega a ser novo, serviu de gatilho para mais uma disparada do dólar no mês de novembro. A moeda americana, último porto seguro para o investidor internacional, voltou a ganhar força frente a outras moedas com a fuga de capital dos títulos soberanos da zona do euro.
A valorização do Dollar Index, uma comparação da divisa com uma cesta de seis moedas, foi de 4,5% nos últimos quinze dias - desde o dia 27 do mês passado, quando o índice bateu a mínima nesse período. O indicador chegou a 78,276 pontos, ontem, valor mais elevado desde o "overshooting" de setembro, quando alcançou 79,597 pontos - no primeiro semestre do ano oscilou em torno de 75 pontos.
No Brasil, a variação da moeda americana nesse mesmo período foi da mesma magnitude, próxima a 4,2%. Sem o efeito dos derivativos, ainda taxados pelo IOF, e com fluxo pífio no mês, o câmbio oscilou apenas em função dos movimentos externos. O fluxo de capital para o Brasil também continua fraco, com investidores à espera de que as medidas de taxação do investimento estrangeiro sejam removidas.
Ontem o dólar marcou nova alta no Brasil, subindo 0,74%, cotado a R$ 1,78, maior valor em quase um mês. A visão de economistas brasileiros é de que a volatilidade deve continuar, com o dólar oscilando entre R$ 1,75 e R$ 1,8. Um novo overshooting (como houve em setembro) apenas com um evento mais dramático na Europa, como a saída de um país da zona do euro ou a quebra de um banco grande.
Para André Loes, economista-chefe para a América Latina do HSBC, a moeda brasileira poderia até se apreciar um pouco mais, indo para R$ 1,65, caso as tensões na Europa recuem um pouco, especialmente no caso de um ação mais contínua do Banco Central Europeu (BCE), que ao comprar títulos soberanos reduz o custo de endividamento dos países com problemas de dívida. "Quando o risco melhorou, a cotação recuou para R$ 1,7", em outubro, lembra.
Jose Wynne, chefe da área de análise de câmbio para as Américas do Barclays Capital, não vê espaço para novas aplicações de investidores estrangeiros na moeda brasileira, como ocorreu num passado recente. A visão dele é "neutra" para o real.
Loes, do HSBC, também não acredita em afrouxamento total das medidas de intervenção cambial ao redor do mundo, já que o cenário hoje é indutor da chamada "guerra cambial". Segundo ele, os Estados Unidos querem exportar parte da crise. Para isso, continua expandindo a liquidez para evitar que a economia cresça tão pouco. A consequência é uma depreciação da moeda, capturando parte da demanda internacional.
Para Cristiano Souza, economista do Santander, a situação na Europa se agrava a cada dia, mesmo que marginalmente e parece difícil evitar que haja uma fuga de capital para os EUA.