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Crédito não deve crescer mais de 15%, diz Tombini
O dado mais recente, de janeiro, mostrava que o estoque de financiamentos na economia acumulava 20,3% em 12 meses.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avisou ontem que quer o crédito crescendo em ritmo moderado neste ano, sem ultrapassar a marca de 15% de alta. Na prática, ele acabou definindo uma espécie de teto para a expansão do crédito.
O dado mais recente, de janeiro, mostrava que o estoque de financiamentos na economia acumulava 20,3% em 12 meses. Ou seja, para o BC o crédito precisa desacelerar para garantir a estabilidade. Tombini indicou que, se necessário, novas medidas poderão ser adotadas para enfrentar os riscos nessa área. Ele admitiu ainda que a desaceleração do crédito e da economia já eleva a taxa de inadimplência nos empréstimos.
"Um crescimento do crédito acima de 15% neste ano será observado com cuidado pelo BC. A desaceleração aumenta a inadimplência, mas isso faz parte do processo. Estamos fazendo um monitoramento sobre as carteiras de crédito", disse Tombini. "Crescimento de 10% a 15% no crédito seria adequado; de 15% a 20%, não", completou.
O comportamento do mercado de crédito é considerado uma variável importante na estratégia do BC de levar a inflação para a meta de 4,5%. Foi com foco nesse segmento que a autoridade monetária adotou as tais medidas macroprudenciais no fim do ano passado, como o aumento do recolhimento dos depósitos compulsórios, que, segundo Tombini, estão produzindo os efeitos esperados de não só dar mais segurança ao sistema e conter a demanda, mas também de elevar a potência da política monetária, já que inibem o alongamento de prazos de financiamento para driblar a alta de juros.
Câmbio. O presidente do BC também argumentou que o mercado de crédito no Brasil vinha sendo influenciado pelo forte ingresso de capitais. E é com o olho nesses efeitos que as medidas macropudenciais foram adotadas e podem ser novamente acionadas, caso a autoridade considere necessário.
Tombini defendeu a política cambial do BC, que tem sido bastante ativa nos últimos meses. Segundo ele, a preocupação maior é com a possível repercussão na estabilidade financeira. De acordo com ele, o mundo vive em condições específicas que podem ser revertidas e mudar a direção da taxa de câmbio.
"Nós já vimos este filme, onde aparentemente se pensa que há apenas uma direção do câmbio, com o real mais forte e o dólar mais fraco. Isso levou no passado recente a aventuras. Na hora em que reverte, gera custos", disse Tombini. Ele lembrou que os eventos do Japão podem levar a uma repatriação de recursos. "Há o risco", afirmou o presidente do BC, que defendeu a continuidade da política de acumulação de reservas.
Tombini informou que, em resposta à medida prudencial de janeiro, a aposta dos bancos na valorização do real caiu para menos de US$ 7 bilhões - antes da medida, em dezembro, estava em US$ 17 bilhões.