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Dólar volta a cair e acende luz amarela
Divisa americana perde valor pelo quarto dia seguido, chega a R$ 1,703 e abre caminho para novas medidas de controle cambial
O tratamento que vem sendo dado à questão cambial pela equipe econômica continua mostrando pouca eficácia contra o derretimento do dólar. Ontem, a moeda americana caiu pelo quarto dia seguido ao fechar cotado a R$ 1,703, valor 0,23% abaixo do pregão anterior e o menor preço desde 9 de novembro. Apenas nesta semana, a divisa mergulhou 1,45%. O novo tombo da divisa dos Estados Unidos já acirra o debate entre governo e indústria em torno de soluções para proteger as fábricas nacionais.
Não bastasse o impacto financeiro (a enxurrada de dólares faz com que o Banco Central tenha que comprar o excesso de recursos, aumentando os custos do governo com a manutenção das reservas internacionais), o movimento agrava os problemas que a indústria nacional vem enfrentando para exportar sua produção. “Não adianta utilizar paliativos. O governo tem que encarar a situação, com medidas que aumentem a competitividade. Controle da inflação, redução da carga tributária e melhorias no sistema de logística”, avaliou Frederico Sampaio, diretor de Investimentos da corretora Franklin Templeton.
A pechincha do dólar abriu as portas para os produtos importados. No mês passado, conforme divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) na quarta-feira, o desembarque de mercadorias de outros países chegou a US$ 17,3 bilhões, um recorde. Com o resultado, a balança comercial se deteriorou e registrou em novembro um saldo positivo de somente US$ 320 milhões.
Decepção
Para o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, a situação é alarmante. Um exemplo de como a indústria vem sendo afetada é a mudança do perfil de compra de insumos pelos produtores de alimentos. “Vários deles estão comprando soja em pó da China. A soja sai daqui, é processada lá e volta para o Brasil. Paga fretes de ida e volta e, ainda assim, chega 30% mais barata aqui. E quem me contou isso foi um empresário do próprio setor”, relatou.
Ontem, o mercado acionário viveu um clima de “decepção acalmada”, conforme definiu Bernardo Fiaux, analista da Personale
Investimentos. Apesar das declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, que anunciou a continuidade do programa de compra de títulos soberanos e manteve a taxa de juros em 1% ao ano, os investidores mantiveram-se dispostos a negociar seus ativos. A expectativa do mercado era de que fossem anunciadas mudanças nos juros.
Nesse cenário, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) abriu em alta e despertou esperanças de que chegaria aos 70 mil pontos, mas pisou no freio. O Ibovespa, principal índice do centro financeiro paulista, acabou fechando com leve alta, de 0,26%, aos 69.527 pontos.